2014/02/25

'Pelo menos ele não ficou como bandido', diz mãe de professor morto



Pelo menos meu filho não ficou como bandido", foi o que disse Dona Adélia Madeira, mãe de Silmar Madeira, após o Departamento de Investigações sobre Crime Organizado (Deic) confirmar que o professor foi feito refém durante a ação que deixou oito assaltantes mortos em Itamonte (MG). Segundo o delegado Ruy Ferraz Fontes, a vítima de 31 anos, morto durante o tiroteio entre a polícia e os criminosos, foi usado como escudo por um dos assaltantes.

"Meu filho trabalhava em dois serviços. Graças a Deus ele era trabalhador", complementa Dona Adélia. A irmã de Silmar, Silvia Madeira Marques da Silva, revela alívio, apesar da perda. "Isso muda tudo, porque agora as filhas dele vão crescer e ir para a escola sabendo que o pai não era um bandido", desabafa.

O professor dava aulas de técnicas em segurança do trabalho e também coordenava o curso técnico no Educandário São Francisco de Assis, em Itamonte, há 8 anos. Durante o dia ele trabalhava em Passa Quatro (MG) em uma empresa também de segurança do trabalho. Ele morava com os pais em Itanhandu (MG) e deixou duas filhas, uma de 6 anos e outra de 6 meses, que eram de outro relacionamento.

Na noite do tiroteio, Silmar tinha ido até a casa da namorada, em Itamonte. O tio dela, que não quis se identificar, conta que os dois saíram naquele sábado (22). "Ela foi a última a sair com ele naquela noite. Eles estavam em um restaurante e chegaram em casa entre 1h30, 2h30. Ele a deixou no portão de casa e foi embora", afirma. Na ação realizada em Itamonte, testemunhas disseram que o professor foi rendido por um dos bandidos em fuga, que tomou o carro do professor e o levou como refém.

Isso muda tudo, porque agora as filhas dele vão crescer e ir para a escola sabendo que o pai não era um bandido"Silvia Madeira, irmã de professor morto em tiroteio"Silmar era refém da situação", disse o delegado em etrevista ao G1. Ruy Ferraz, que é responsável pela Divisão de Crimes Contra o Patrimônio do Deic, ressaltou que o tiroteio ocorreu à noite, às margens de uma estrada e em uma área de matagal. "Foi um tiroteio intenso, que durou 25 minutos, uma situação de guerra. Para nós, todos eram criminosos naquele momento", disse o delegado.

Ruy disse acreditar que o tiro que matou o professor foi dado por um criminoso, porque o buraco do ferimento estava nas costas do professor. Entretanto, ele ressaltou que apenas a perícia vai definir quem foi o responsável pelo disparo.

Comoção na escola

Na turma de segurança do trabalho, em Itamonte, a noite desta segunda-feira (24) foi de orações ao invés de aula. Alunos e professores estavam emocionados com a morte de Silmar. "Ele era muito focado no trabalho. Era a vida dele", conta o designer Áthila Domingo Costa.

Alunos de escola onde professor morto dava aulas, em Itamonte, fazem orações (Foto: Reprodução EPTV)A coordenadora da escola, Lúcia Lopes, também lamentou a perda do colega de trabalho. "Esse é o pior momento que estou passando na escola. Porque além de professor, ele era um amigo", diz.

O corpo do professor foi sepultado na tarde de domingo (23), em Itanhandu.

A perícia da Polícia Civil identificou os corpos dos suspeitos mortos durante operação em Itamonte, quando a polícia rendeu a quadrilha que explodiu um caixa eletrônico na cidade. Dos nove mortos na operação, três eram de Mogi das Cruzes (SP), quatro de São Paulo (SP), um de Campinas (SP), e o professor de Itanhandu, feito refém durante a fuga dos criminosos e que morreu baleado.

Até esta segunda-feira, cinco corpos continuavam no IML de São Lourenço (MG) sem identificação. Todos foram liberados para os familiares. Um décimo suspeito, morto durante troca de tiros com a polícia quando tentava fugir pela Via Dutra, em São José dos Campos (SP), era de São José do Rio Preto (SP).

De acordo com o Capitão da Polícia Militar, Marcelo Borges, a segurança foi reforçada em toda a região à procura de suspeitos que ainda possam estar escondidos no Sul de Minas. "Não acredito que haja alguém escondido no matagal próximo a Itamonte, mas existe ainda a possibilidade de criminosos estarem escondidos na região, e o policiamento foi reforçado. Pedimos apoio da PM de São Lourenço, Pouso Alegre (MG) e Belo Horizonte (MG)", disse.

Seis pessoas detidas durante a operação no sábado (22) continuam presas, uma no Presídio de São Lourenço, quatro na Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem (MG), e o sexto suspeito em São José dos Campos (SP).

Prisão em Cambuquira

Um suspeito de ter envolvimento com a quadrilha de assaltantes que trocou tiros com a polícia em Itamonte foi preso em Cambuquira (MG) no domingo. Segundo a Polícia Civil, a Justiça determinou a prisão preventiva do homem de 26 anos para ampliar as investigações. A principal hipótese é de que ele estivesse em rota de fuga após a ação do último sábado, que terminou com a morte de nove pessoas.

De acordo com a Polícia Civil, o suspeito deu entrada no hospital de Cambuquira, por volta das 9h de domingo, desorientado, exausto e com um ferimento no braço direito. Ele alegou à equipe médica que havia se envolvido em uma capotagem, mas não soube passar nenhum outro detalhe. Os funcionários do hospital ficaram desconfiados e chamaram a polícia. Após alguns exames preliminares, a conclusão foi de que os ferimentos, provavelmente causados por arma de fogo, não condiziam com a história contada pelo paciente.

Após atendimento médico, o homem foi levado para a Delegacia de Três Corações (MG), onde prestou depoimento. Natural de Miracema (RJ), o suspeito disse que sofreu um acidente em Caxambu (MG) enquanto ia para o trabalho, mas após investigação, foi constatado que não houve nenhum acidente no local. O suspeito, que tem várias passagens pela polícia e um mandado de prisão em aberto, foi encaminhado para o Presídio de São Lourenço (MG).

Policiais na frente de Presídio de São Lourenço, MG (Foto: Tarciso Silva / EPTV)
Suspeito preso em Cambuquira foi levado para o Presídio de São Lourenço, Para o delegado responsável pelo caso, João Euzébio Cruz, de Pouso Alegre (MG), há fortes indícios de que o suspeito faz parte da quadrilha de assaltantes. "Ele não consegue explicar as razões de estar em Cambuquira. É um elemento completamente estranho na região e, por isso, está sendo investigado", afirma.

Segundo a Polícia Militar, homens em uma caminhonete prata teriam ido a um hotel de Cambuquira perguntando sobre o suspeito. O dono do hotel informou ao grupo que o homem tinha ido para o hospital com envolvimento da polícia. O bando foi embora após a informação.

Um suspeito foi morto e outro preso após fazerem um empresário de Itamonte refém durante uma tentativa de fuga no final da noite de domingo. Eles estariam escondidos na cidade após a ação policial na madrugada de sábado.

De acordo com os policiais, os criminosos renderam o empresário e o levaram de carro em direção a Caçapava (SP), quando foram perseguidos pela polícia. Já em São José dos Campos (SP) eles foram rendidos e durante uma troca de tiros, um dos suspeitos foi baleado e morreu. Um sargento da Polícia Militar também ficou ferido por dois disparos

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