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2013/08/25
Fazendeiro suspeito de sequestro tem prisão preventiva decretada
Homem de 59 anos foi levado para o Presídio de Varginha, MG.
Ele também teria mantido funcionários em regime de trabalho escravo.
O fazendeiro suspeito de manter funcionários em regime de trabalho escravo em uma propriedade rural de Campanha (MG), e de ter ordenado o sequestro de um deles, teve a prisão preventiva decretada. A decisão foi tomada pela juíza federal Silvia Elena Petry Wieser na tarde deste sábado (24).
O suspeito, Paulo Alves Lima, de 59 anos, foi levado para o Presídio de Varginha (MG) e não tem prazo para ser liberado. O funcionário que teria denunciado o esquema, Hélio Costa Araújo, continua desaparecido. Testemunhas teriam visto o trabalhador sendo levado à força do hotel onde estava abrigado pelo Ministério do Trabalho.
O caso
O fazendeiro foi preso nesta sexta-feira (23) em Campanha (MG) suspeito de manter funcionários em regime de trabalho escravo em uma propriedade rural do município e de ter ordenado o sequestro de um deles após uma denúncia feita à Policia Militar. Segundo a PM, Lima foi detido após cumprimento de um mandado de busca e apreensão e o resgate de dois trabalhadores.
De acordo com a PM, o funcionário Hélio Costa de Araújo, de 41 anos, disse ter trabalhado durante cinco meses em regime de escravidão e relatou que o fazendeiro retinha documentos pessoais dele e de outros trabalhadores. Com isso, o homem foi levado por representantes do Ministério do Trabalho a um hotel, onde foi abrigado e alimentado.
Quarto onde os trabalhadores viviam foi considerado precário (Foto: Polícia Militar)Quarto onde os trabalhadores viviam foi considerado precário (Foto: Polícia Militar)
De acordo com testemunhas, horas depois, um homem esteve no hotel e levou o trabalhador à força. Ninguém impediu a violência apesar de relatos de que o lavrador teria gritado por socorro. Desde a noite de quinta-feira (22) não há notícias do paradeiro de funcionário. O responsável pelo desaparecimento não foi identificado, mas a polícia informou que investiga a possibilidade de que o fazendeiro tenha ordenado o sequestro.
A Polícia Civil trata o caso como sequestro e segue com as buscas no intuito de localizar o trabalhador. No fim da tarde desta sexta-feira, os envolvidos no caso foram ouvidos na Polícia Federal de Varginha (MG).
Trabalhadores eram vigiados por homem armado
Antes do desaparecimento, o funcionário disse à polícia e ao Ministério do Trabalho que ele e outros dois trabalhadores conseguiram fugir da fazenda na madrugada da última segunda-feira (19) e que pretendia voltar para a cidade natal, de Nova Serrana (MG), mas não teria conseguido por falta de dinheiro e documentos pessoais.
O lavrador contou que eles trabalhavam na colheita de café e corte de cana e que não havia descanso. Segundo ele, os trabalhadores eram forçados a trabalhar das 6h às 19h, inclusive aos domingos, feriados e dias chuvosos e que quando questionavam o pagamento de salário, eram agredidos.
Araújo disse aos policiais que eles eram mantidos sob vigilância constante de um homem armado que não permitia que saíssem na fazenda. Ele também contou que os colegas eram mantidos em um alojamento em péssimas condições e comida escassa.
Outro trabalhador encontrado
Na manhã desta sexta-feira, a Polícia Militar voltou à fazenda e encontrou outro trabalhador em situação de escravidão. Vitor Lúcio da Silva, de 59 anos, também teria confirmado as agressões, a falta de salário e as condições precárias em que viviam.
De acordo com os policiais, outros quatro trabalhadores estavam no local, mas ao perceberem a aproximação dos militares, fugiram a mando do fazendeiro. Eles entraram em uma mata existente na fazenda e não foram localizados.
Vitor Lúcio da Silva foi resgatado do local e amparado pelo Ministério do Trabalho (Foto: Polícia Militar)Vitor Lúcio da Silva foi resgatado do local e amparado
pelo Ministério do Trabalho (Foto: Polícia Militar)
Fazendeiro já foi denunciado outras vezes
Questionado, o gerente regional do Ministério do Trabalho de Varginha (MG), Mário Ângelo Vitório, contou que o fazendeiro já possui outras denúncias por trabalho escravo e que todas as informações já foram repassadas para a Polícia Federal em Varginha, que deve investigar a situação.
“Neste caso específico, auditores do Ministério do Trabalho estiveram no local e acompanham o trabalho da Polícia Militar para fazer o resgate dos trabalhadores. Em seguida, o empregador será chamado para prestar esclarecimentos sobre a situação em que mantinha estes homens. Ele já possui dezenas de processos do passado com várias infrações trabalhistas, ou seja, é reincidente”, contou.
Fonte: eptv/suldeminas
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