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2013/04/05
Azeite extravirgem produzido na Serra da Mantiqueira tem qualidade similar aos melhores azeites no mundo
Delfim Moreira é uma das cidades do Sul de Minas que vêm se destacando na produção do azeite extravirgem. Foi neste município localizado na Serra da Mantiqueira que o produtor Newton Kraemer Litwinski encontrou lugar ideal para investir na olivicultura, em 2008. Na Fazenda Verde Oliva o produtor está extraindo azeite extravirgem de qualidade comparável aos melhores azeites do mundo, com o diferencial de ser orgânico. O azeite orgânico vem atraindo a atenção dos consumidores numa procura maior que a demanda. A Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG), acompanha o processo de produção orgânica desde as primeiras mudas.
O azeite orgânico Verde Oliva foi classificado como extravirgem, com 0,1% de acidez, índice menor ao exigido na classificação do produto como extravirgem, que é 0,2% a 0,7% de acidez. Segundo Litwinski, a qualidade do azeite extraído em sua fazenda foi avaliada em outubro do ano passado, por espanhóis que visitaram sua propriedade e levaram o produto para a Europa. “O azeite colhido nos primeiros meses do ano, apresentava 0,1% de acidez no mês de outubro. Não oxidou. Para os espanhóis isso é fantástico. O grupo europeu ficou maravilhado com a produção e já visitou a propriedade outras duas vezes”, informa.
Num projeto de aposentadoria, o geólogo e empresário em reflorestamento, passou a estudar a oliveira e, depois de muito pesquisar escolheu na Serra da Mantiqueira, uma fazenda com condições adequadas para investir na olivicultura. Na Fazenda Verde Oliva, Litwinski e sua esposa estão realizando o sonho de produzir azeite orgânico de qualidade. Lá, o brasileiro de origem europeia, fugiu do convencional, ao invés de investir em gado, como fazem muitos aposentados, investiu em azeite. “Resolvi inovar, plantando oliveiras, em busca de azeite orgânico”.
Para ele, a produção de azeite é um resgate da história da família que cultivava oliveiras na Europa. Seu pai que era reflorestador no Paraná, há 50 anos, resolveu reflorestar com oliveiras no lugar de eucaliptos. “As oliveiras cresceram, mas deram poucos frutos, devido ao clima, que não era o ideal, como o encontrado em algumas partes da Serra da Mantiqueira”. Segundo o produtor, clima frio não é sinônimo de sucesso com as oliveiras. É preciso atentar para outras condições. “A oliveira depende de muito sol e o frio não pode ser exagerado. O ideal é variar de 10o a 2 ou 3 graus negativos no máximo. A planta precisa de 600 horas de frio por ano e um pouco de geada. Mas não precisa de neblina e, por isso, no Brasil é complicado achar o clima certo. E, na Mantiqueira o clima é diferente do sul do Brasil e do Chile. Aqui chove bastante e a oliveira precisa de 1.300 milímetros de água por ano, mas precisa também de um período de estiagem para a floração”.
A produção do azeite orgânico na Fazenda Verde Oliva é exemplo de que é possível produzir azeite de qualidade em Minas Gerais. Para mostrar esse modelo que tem dado certo, o engenheiro agrônomo e extensionista da Emater-MG, Eduardo Carneiro Neto, costuma levar agricultores para conhecer o sistema produtivo da Fazenda Verde Oliva, com o objetivo de incentivar os agricultores a investir nesse novo segmento que desponta em Minas Gerais. De acordo com Carneiro, a Emater-MG tem trânsito livre na Fazenda Verde Oliva. “Nós acompanhamos o investidor desde o início com suporte técnico, acompanhamos o processo de certificação de seu produto pelo Instituto de Biodinâmica (IBD) e, também na constituição da Associação dos Produtores de Orgânicos de Delfim Moreira, que dá credibilidade aos produtos junto ao consumidor.”
Nas visitas, Litwinski incentiva os agricultores a investir na plantação de oliveiras. “O mercado de azeite orgânico é bem amplo. Ele praticamente não existe e tem um filão de consumidores à procura dele. Aqueles consumidores que buscam qualidade”, diz. O produtor está satisfeito em ver sua fazenda virar modelo. Para ele, “as pessoas precisam ver o sucesso dos outros para começarem a investir, mesmo porque já houve insucesso na Serra da Mantiqueira, há 30 anos atrás, num projeto de grande investimento que não deu certo, porque foi feito de forma errada, com manejo errado. Hoje as oliveiras cresceram, mas não dão frutos e, a nova experiência da Fazenda Verde Oliva, mostra que é possível produzir azeite de qualidade em Minas Gerais.”
O produtor informou que o Verde Oliva chega a 0,1% de acidez e está entre os melhores azeites extravirgem orgânico de montanha do mundo, fruto de uma dedicação intensa que prioriza a colheita manual, dando tratamento único para todas as frutas, num processo onde se colhe frutas maduras, não se colhe azeitonas verdes e nem folhas. Desta forma, durante o período de colheira, janeiro a abril, se passa várias vezes pelos pés de oliveira. Segundo ele, aliando esses cuidados ao clima bom e solo favorável, o produtor não precisa estar no Mediterrâneo ou no Chile para produzir um azeite orgânico de qualidade excepcional. Além disso, segundo informa, “hoje não se usa mais prensa”. O produtor investiu num equipamento de última geração, importado da Itália, que não prensa a fruta.
Atualmente, a Fazenda Verde Oliva tem 3.500 plantas em produção. O litro do azeite sai a R$200. A produção de 2013 está toda reservada. O produtor está recusando encomendas, pois a procura superou o planejado. Além disso, está negociando as vendas, vendendo um pouco menos do solicitado para ter reserva de azeite para demonstração. “Não posso fazer tanta propaganda porque não terei produto para suprir a demanda”.O produtor informa, ainda, que está produzindo entre nove a 12 toneladas por hectare e, que para ele 10 toneladas está ótimo, dentro do que foi planejado. Ele está produzindo mais e mesmo assim não está conseguindo suprir a demanda de seus clientes, que segundo informa, são pessoas comuns que vão até a fazenda à procura do azeite orgânico.
Em Delfim Moreira há outros três produtores de azeite orgânico. E, segundo informação de Alexandre Kurachi, gerente regional da Emater-MG de Pouso Alegre, no Sul de Minas, outras três cidades também estão investindo na produção de azeite orgânico. As cidades de Senador Amaral, Gonçalves e Camanducaia, buscam a qualidade orgânica do azeite na Serra da Mantiqueira como diferencial de suas produções. Os produtores destas cidades contam com a assistência técnica da Emater-MG.
Este ano, de acordo com Alessandro Gonçalves, gerente da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), a expectativa é que os 700 mil pés de oliva da região rendam 10 mil litros de azeite, significando um aumento de 212% em relação a 2011. O ritmo desta produção é resultado de um investimento da Epamig, que mantêm uma Fazenda Experimental em Maria da Fé, cidade localizada na Serra da Mantiqueira.
Para garantir a genuinidade e a qualidade do azeite produzido nas cidades da Mantiqueira, a Epamig e Associação dos Olivicultores dos Contrafortes do Mantiqueira (Assoolive) deram início ao processo de registro de indicação geográfica e denominação de origem deste produto. Em dezembro de 2009, fiscais federais do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e dos estados de Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro.
Assessoria de Comunicação da Emater-MG
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