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2012/03/04

VALE A PENA CONHECER A CUTELARIA ARTESANAL EM BAEPENDI

A cutelaria artesanal, que é a arte de fazer facas, está em alta no sul de Minas Gerais. Um gaúcho, que trocou o chimarrão pelo café há sete anos, recebe encomendas até dos Estados Unidos. Ele resgatou na região um trabalho praticamente esquecido. “Aprendi com meu irmão em 1997 e de lá pra cá não parei mais. É um aprendizado diário e eu tento manter sempre o mais tradicional, sem usar material sintético. Aquela cutelaria mais antiga mesmo, mantendo a tradição dos antigos ferreiros”, diz o cuteleiro Cláudio Bearzi. No dicionário, a palavra cutelo significa objeto cortante, por isso o profissional se chama cuteleiro. Sem a praticidade da indústria de fundição, algumas pessoas com vocação para o trabalho manual transformavam ferro, com ajuda do fogo, em ferramentas. Ferro velho, alumínio, mola velha, disco de arado, suspensão de fusca. Tudo isso parece apenas material velho, mas aos olhos do cuteleiro é tudo matéria prima, que nas mãos dele vai se transformar em uma peça de primeira. A vida do cuteleiro é na beira da forja. A que Bearzi trabalha é de carvão. As chapas são elevadas a cerca de 900 graus e é na bigorna que o profissional vai moldando o aço, na base do martelo. As primeiras peças que o cuteleiro fez despertam inveja nos colecionadores. São 16 anos de trabalho e cada vez mais procurando aperfeiçoar as ferramentas. A procura é tão grande que, para garantir uma dessas peças, é preciso esperar por cerca de dois meses. “O produto final de uma cutelaria vem provar que a cultura brasileira esta sendo resgatada. Uma vez que a gente pega um produto desse aqui, vê que realmente é 100% artesanal”, afirma o cliente João Raimundo Braga. O que valoriza ainda mais a peça são os cabos, feitos em osso de perna de boi e chifres. O efeito marmorizado é dado depois de uma boa lixada e polimento. Depois de horas de trabalho e muitos detalhes. “O maior prazer que a gente tem é transformar um pedaço de ferro velho que tava indo fora, que tava perdido, em uma faca com excelente corte”, conta Bearzi. Uma faca feita em aço damasco é o xodó de Bearzi. O aço damasco é o mais antigo do mundo, é uma mistura de vários aços. A faca demorou três dias para ficar pronta. Se fosse vender, ela custaria cerca de R$ 400. Mas quem leva uma faca, um canivete ou um facão para casa não paga pela peça, e sim pelo trabalho, pela arte do profissional. “O que eu percebo muito é que as pessoas vêm aqui atrás da arte. Eu acho que Minas tem muito disso, da tradição, do resgate do passado. Então acho que aqui ele encontrou um lugar muito bom para o trabalho dele. As pessoas valorizam este tipo de arte”, diz a esposa do Bearzi, Denise Bonfim FONTE: EPTV/SUL DE MINAS - CAMINHOS DA ROÇA

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